Um novo estudo do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino traz evidências
dos fatores que levam pacientes oncológicos à morte depois de passarem por internação
em unidades de terapia intensiva (UTIs). Os achados resultaram na criação do Oncoscore, uma ferramenta que ajuda a
prever o risco de morte – e que pode ajudar os médicos a tomarem providências
para evitá-la.
Nos últimos anos, a medicina tem observado um aumento da sobrevivência
de pacientes com câncer, o que aumentou também o número de hospitalizações e
internações em UTIs. Mas, apesar de recentes avanços científicos na área de
oncologia e terapia intensiva, pouco se sabe a respeito dos fatores que
contribuem para a mortalidade de pacientes oncológicos dentro do ambiente
hospitalar e no período imediatamente após a alta.
Para preencher essa lacuna, o médico intensivista Marcio Soares, do
Instituto D’Or, avaliou, em parceria com pesquisadores franceses, dados da
internação de mais de mil pacientes com câncer em dois hospitais, um brasileiro
e outro francês. Os resultados foram publicados na edição de março da revista Annals
of Intensive Care.
Foram avaliadas características como gravidade da doença, tipo de câncer
e necessidade de equipamentos de suporte. A maior parte dos pacientes incluídos
no estudo sofriam de câncer de pulmão (19.2%), colorretal (16.9%), de mama (12.5%)
e de cabeça e pescoço (11.9%). As complicações do quadro de saúde que os
levaram à UTI foram sepse (ou infecção generalizada, 38.5%) insuficiência
respiratória aguda (26.1%) e coma (7.6%).
Do total de pacientes incluídos no estudo, 41.3% morreram na UTI. Dos
pacientes que receberam alta, 33% foram a óbito ainda no hospital. Entre os que
receberam alta, a taxa de mortalidade quatro meses após a saída da UTI foi de
65.8%. Os números, embora altos, devem ser interpretados com cuidado. “Nos anos
1980 e 90, pacientes com câncer internados em UTIs tinham um prognóstico
bastante ruim, com a mortalidade acima de 80%”, conta Soares. “Hoje, o cenário
é outro: a evolução da oncologia e da medicina em geral permitiu uma melhora nos
índices de mortalidade. Levando em conta a grave condição em que esses
pacientes se encontram, as taxas que encontramos no estudo são consideradas
boas”.
Contribuição para a prática médica
Na segunda etapa do estudo, os cientistas buscaram identificar os
fatores que mais contribuíram para o óbito dos pacientes. A mortalidade –
dentro do hospital ou quatro meses após a alta – foi observada principalmente naqueles
que, na UTI, apresentavam câncer de pulmão, extensão sistêmica da doença
(metástase) e necessidade de suporte orgânico, como terapia de substituição
renal ou hemodiálise.
Tendo em mãos os dados médicos de cada paciente, os pesquisadores
elaboraram o Oncoscore, uma medida
objetiva de predição de desfecho, ou seja, capaz de antever qual a provável
evolução do paciente após a terapia intensiva. A medida varia entre 1 e 11, em
que valores mais altos se referem a quadros mais graves.
Para cada paciente, são pontuados a presença de câncer de pulmão (2
pontos) ou outros tipos de câncer (1 ponto), a presença de metástase (2
pontos), a necessidade de ventilação mecânica invasiva (3 pontos), o uso de
fármacos vasoativos ou ionotrópicos para melhorar a função cardiovascular (2
pontos) e a terapia de substituição renal (2 pontos).
Com esse sistema, foi possível predizer a morte dos pacientes com 74% de
acurácia. O Oncoscore também
possibilitou atribuir gradações de gravidade: para pacientes com resultados
menores do que quatro, a mortalidade até quatro meses após a alta foi de 40%;
com resultados entre quatro e sete, 70%; e, com resultados maiores do que sete,
87%.
A proposta de estratificar o risco de pacientes graves tem como objetivo
final guiar a conduta médica. Nesse contexto, a definição de parâmetros que auxiliem
na identificação de quais pacientes apresentam maior e melhor sobrevida após a
terapia intensiva é extremamente importante e deve ser focada em estudos
futuros. “Essas medidas são fundamentais para a elaboração de melhores cuidados
para cada paciente, o que também impacta o planejamento do sistema de saúde que
os atende”, conclui Soares.
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