Estudo transpõe o conceito de fragilidade, originado da geriatria, para nortear oatendimento a pacientes em unidades de terapia intensiva.
O planejamento de cuidados aos pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIs) requer estratégia. Por isso, é fundamental que se olhe não apenas para o estado atual dos pacientes, mas também se faça uma avaliação mais completa do seu histórico e funcionalidade – é o que indica estudo recém-publicado de pesquisadores brasileiros e norte-americanos. Os autores usaram uma escala de fragilidade para avaliar riscos nos pacientes internados em UTIs.
O conceito de fragilidade surgiu na geriatria, e buscava, inicialmente, atuar como um indicador de vulnerabilidade das pessoas idosas, em função de como seu organismo tem enfrentado o envelhecimento, autonomia para as atividades do dia-a-dia e doenças associadas. Recentemente, alguns estudos começaram, de forma tímida, a estender as classificações de fragilidade ao contexto de pacientes de qualquer idade internados em UTIs.
Na maior pesquisa do gênero já realizada, cientistas do projeto Orchestra – acrônimo, em inglês, para Características Organizacionais em Cuidados Intensivos – avaliaram dados referentes à internação de quase 130 mil pacientes em 93 UTIs brasileiras de hospitais públicos ou privados. No estudo, 31% dos pacientes foram considerados não-frágeis, 50%, pré-frágeis e 19%, frágeis. A análise de desfechos da internação revelou que pacientes mais frágeis ficaram mais tempo no hospital e morreram mais do que os dos outros dois grupos.
Outro resultado importante da pesquisa é a constatação de que, além de terem pior prognóstico, os pacientes considerados frágeis também receberam mais procedimentos de suporte orgânico, como ventilação mecânica, diálise e transfusão de sangue, entre outros. “Apesar de receberem o tratamento mais intenso, os pacientes frágeis morrem com maior frequência”, destaca o médico intensivista Jorge Salluh, pesquisador do IDOR e um dos autores do estudo. “Mas o fato de não responderem aos tratamentos não significa que devemos deixar de tratar o paciente frágil. Pelo contrário, entender o risco permite planejar as abordagens de cada paciente para conduzir um tratamento mais individualizado, ajustando as intervenções às necessidades e ao potencial de resposta ao tratamento de cada caso, sempre que possível reduzindo mortalidade e tempo de internação, entre outras complicações. Mas também tendo mais elementos para o entendimento do prognóstico que nos permita uma avaliação de expectativas realistas com pacientes, familiares e equipe de saúde.”
Segundo os pesquisadores do Orchestra, a fragilidade pode ser uma medida para tornar ainda mais precisa a classificação de risco dos pacientes graves e orientar a conduta médica. Com a escala de fragilidade em mente, será possível avaliar, caso a caso, se é melhor realizar procedimentos invasivos – o que expõe o paciente a riscos – ou pensar em estratégias de prevenção, por exemplo.
Trocando em miúdos, a proposta dos autores traz uma nova perspectiva sobre a avaliação de risco nos pacientes graves. “Em vez de olharmos apenas a condição atual do paciente – por exemplo, se ele possui um quadro de insuficiência cardíaca, se usa suporte respiratório, se tem doenças associadas etc. –, decidimos investigar aspectos que antecedem a internação e explorar como eles nos ajudam a entender o desfecho clínico”, explica Salluh. O artigo foi publicado na edição de setembro da revista Intensive Care Medicine, e foi encabeçado pelo médico intensivista e pesquisador associado ao Orchestra Fernando Zampieri.
Marcio Soares, médico intensivista, pesquisador do IDOR e líder do estudo, ressalta que a compreensão de conceitos como a fragilidade e suas implicações se faz cada vez mais necessária para o planejamento do sistema público de saúde no novo cenário demográfico do Brasil, cuja população vem envelhecendo. “Sob a ótica do paciente, é importante personalizar o tratamento de acordo com suas características clinicas, tendo em mãos a avaliação de risco em cada caso. Do ponto de vista de saúde pública, tal tipo de avaliação permite planejar melhor os recursos utilizados para o tratamento e a reabilitação dessas pessoas”, finaliza Soares.
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